terça-feira, 22 de abril de 2014

Septicemia

A septicemia é uma doença extremamente grave correspondente à invasão maciça ou persistente de bactérias no sangue. É preciso diferenciar esta situação da que ocorre em várias doenças bacterianas, quando os micro-organismos passam para a circulação sanguínea em reduzida quantidade ou de forma esporádica propagando-se através do organismo e estabelecendo-se em vários tecidos. Neste caso, fala-se de bacteriemia e apenas constitui mais um passo na evolução patológica da doença em questão. Por outro lado, em caso de septicemia, a invasão microbiana do sangue é tão significativa que provoca manifestações e complicações muito sérias.
O ponto de origem da septicemia pode ser muito variado. Os micro-organismos podem chegar ao sangue provenientes do exterior, como através de feridas, de injeções contaminadas ou devido a vários procedimentos terapêuticos efetuados em deficientes condições de assepsia. Todavia, normalmente, passam para o sangue a partir de um foco infeccioso prévio, nomeadamente um abcesso ou uma infecção no aparelho respiratório, nas vias urinárias, no intestino, entre outros. Pode surgir como complicação de um processo infeccioso em qualquer pessoa, embora seja, normalmente, mais frequente nas pessoas que apresentam um estado de imunodeficiência, com uma evidente diminuição das defesas orgânicas.
Os sintomas da septicemia dependem da gravidade da infecção. Muitas vezes as manifestações da enfermidade podem demorar horas ou dias, ou às vezes pode deixar o paciente inconsciente rapidamente. Origina vários sinais e sintomas gerais, tais como febre elevada acompanhada por arrepios e sudação profusa, sensação de debilidade e prostração. Contudo, também pode originar inúmeras manifestações correspondentes ao estabelecimento dos micro-organismos que proliferam no sangue em vários pontos do organismo, num processo denominado metástases sépticas, nas válvulas cardíacas, fígado, pulmões, pele, sistema nervoso, entre outros. Caso não se proceda imediatamente ao tratamento oportuno, baseado na identificação do micro-organismo causador e na administração de antibióticos capazes de o combater, o quadro pode conduzir a um choque séptico, que se traduz em colapso circulatório e insuficiência nos órgãos vitais, podendo provocar a morte do paciente.

Como o médico diagnostica a septicemia?
A identificação do agente causador é fundamental para o diagnóstico e cura. Quanto mais tarde se iniciar o antibiótico menor as hipóteses de recuperação.
Radiografias e tomografias computadorizadas podem ajudar no diagnóstico, que deve ser complementado pela punção lombar e pela análise de sangue e urina, quando necessários. As culturas feitas nesses materiais orgânicos permitem identificar o micro-organismo causador e qual o antibiótico mais adequado para cada caso. Devem ser feitos frequentes exames de sangue para acompanhar a evolução e as possíveis complicações da doença.

Tratamento
Devido à gravidade da doença, estes doentes são tratados na unidade de cuidados intensivos porque necessitam de uma monitorização constante quanto à perfusão sanguínea, função respiratória, renal e cardíaca.
O fundamental ao tratamento são os antibióticos para se combater a infecção. São administrados soros para não deixarem baixar os valores da tensão arterial. Em certas situações, o soro não é suficiente para manter a tensão arterial estável pelo que é necessário recorrer ao uso de medicamentos. Geralmente, estes doentes não se alimentam pela boca, pelo que lhes é colocado uma sonda nasogástrica, um tubo colocado no nariz até ao estômago, para se alimentarem, a chamada alimentação entérica. Também é administrada alimentação pelas veias, a alimentação parentérica.
Se o doente não conseguir respirar sozinho, pode ser necessário usar uma máquina para ajuda-lo a respirar ou respirar por ele. Os rins também podem parar temporariamente. Nestes casos o doente faz hemodiálise para limpar o sangue das impurezas. Além disso, alguns doentes precisam de um controlo da glicemia (açúcar no sangue).
Estes doentes necessitam de medidas preventivas para a trombose venosa profunda, como meias kendall, e aparecimento de úlceras de pressão.

Como evoluem as septicemias?
Antigamente a maior parte das pessoas com septicemia morria. Mais recentemente, com a descoberta de novos antibióticos e a melhoria dos cuidados hospitalares, esse número reduziu-se muito. Contudo, a septicemia continua sendo uma condição grave, com uma elevada taxa de morte, sobretudo em pacientes imunodeprimidos e idosos.


Ana Carolina Loiola - Coordenadoria do científico - Gestão 2013/2014

Um comentário: